Dona Rosa surge na sala, de avental vestido, com as mãos ainda cheias de farinha, das pataniscas que estava a fritar...
"-Oh Rosita traz-me aí uma cervejola...
-Deus nosso Senhor cortou-te as mãos ou as perninhas pra não poderes vir até à cozinha?"
Dona Rosa volta para a sua bancada, praguejando em surdina, enquanto Zé António relamava para a TV as suas lamúrias...
"-Oh Homem... Vai xamar os miudos... Tenho o arroz de feijão já feito e as pataniscas tão quase fritas..."
Zé António levanta-se vagarosamente do seu sofá e dirige-se em passo muito lento para o jardim do bairro...
"-Cátia Vánessa.... Luis Pedro.... Sandra Sofia.... Vamos almoçar que a vossa mãe já tá com os azeites..."
Os três irmãos de 19, 17 e 16 anos surgem em casa, atrás do pai... Da cozinha surge a voz um pouco irritada da matriarca...
"-Sandra Sofia! Cátia Vánessa! Ponham a mesa... Daqui a nada comem esta porra fria e depois dizem que não gostam...
-Oh Rosita é preciso tares assim?
-Cala-te Zé António... Se não tivesses passado a manhã com o cu colado ao sofá e me tivesses ajudado mais..."
Os cinco sentam-se à mesa e começam o seu almoço de domingo. O silêncio reina na refeição, só quebrado pela televisão que teimava em anunciar as desgraças do mundo.
"-Rosa... Tens tido notícias da tua irmã?
- Fodasse tinhas que me estragar o domingo... Não me fales dessa gaja...."
1 comentário:
Que rica família... medo... muito medo....
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